quinta-feira, 22 de setembro de 2011

As Bruxas de Mayfair, A hora das bruxas vol. 1 - Anne Rice


Sinopse:

A Talamasca, um grupo com poderes extra sensoriais voltados para o bem, durante séculos pesquisou a vida da família Mayfair, uma dinastia de bruxas que começou no século XVII, na Escócia, transplantou-se para o Haiti e de lá para a fantasmagórica Nova Orleans. É através dos seus volumosos arquivos que vamos descobrir essa saga de seres decadentes e mórbidos, convivendo pacificamente com o incesto, as tempestades e um espírito, meio divindade celta, meio demônio, chamado Lasher.

OPINIÃO GERAL SOBRE O LIVRO:


Certo. Essa vai ser difícil.
Já leram um livro, e depois, ao querer contar a história para um amigo (ou fazer uma resenha), percebeu que nem sabia por onde começar, que a história simplesmente era bastante complexa, com muitos detalhes ou qualquer coisa assim?
Pois bem, eis uma história difícil de explicar, portanto, irei por partes.

A hora das bruxas I e II são a mesma história (sim, há um segundo volume), e a resenha que farei, portanto é de apenas metade da história, se formos analisar.
O livro pode ser dividido em duas partes, sendo a primeira a apresentação dos personagens contemporâneos e a atual situação da história, e a segunda ( a melhor), a história ao longo dos tempos de toda a galeria de personagens da família de bruxas Mayfair e os envolvidos a esta.

A história das bruxas Mayfair nos é derramada aos poucos.
O livro começa com o relato de um médico que acompanha por um breve período de tempo, Deirdre Mayfair, que permanece a anos num estado aparentemente indefinido de paralisia esquizofrênica ( nem os médicos do livro entendiam direito do que se tratava, quem dirá eu). E o mesmo médico vivência a aparição de um estranho homem, também conhecido na história como " O Homem", uma espécia de espirito/demônio (chamado Lasher) que acompanha as bruxas Mayfair.

Mais uma série de relatos nos é apresentada, e sem que me desse conta, estava presa. A história das bruxas mayfair é incrivelmente bem construída, e muitas vezes quase esqueci que o que estava lendo era ficção e ficava pensando na história como se fosse real de fato. Muito bizarro.

Porém, quem já leu algum livro da Anne Rice sabe como a narrativa dela pode variar da coisa mais empolgante para algo bastante difícil de passar adiante. É claro que isso não é regra, eu adoro os livros da Anne, mas é um fato que as vezes, suas descrições minuciosas podem ser um pouco chatas, e as vezes, seus leitores desavisados se cansam e perdem um bom livro.
Eu que conheço, sei o quanto enrolei para ler o livro, mas depois , quando chegou mais ou menos na metade, eu devorei de uma vez só, durante o dia todo (ontem para ser mais exata). Personagens bem construídos é pouco para o que Anne criou. São pessoas, entende? Realmente pessoas, incrivelmente bem descritas, e eu mais de uma vez me peguei pensando nesses personagens, e o mais incrível é que Anne dedicou algo equiparável a capítulos para tratar de cada um deles. Agora me diz, como é que um personagens criados e desenvolvidos com algumas páginas pode fascinar tanto?

De todas as bruxas apresentadas, o personagem do qual mais gostei não era uma bruxa. Era o bruxo.
Deixem-me explicar melhor. As bruxas Mayfair desde que se travou conhecimento delas, sempre passaram o poder (e "O Homem/espirito-demônio) para uma filha, não necessariamente a mais velha, mas basicamente a que podia ver Lasher (o citado demônio ou seja lá o que for - não é bem definido).
E toda a trajetória da família que nos é passada através dos arquivos da entidade chamada " O Talamasca" desde a Europa medieval até os nossos dias é simplesmente muito, muito interessante.

O que me leva ao tópico seguinte, O Talamasca.

O Talamasca
Nós observamos
E estamos sempre presentes.

O Talamasca é uma instituição com uma história que remonta ao século XI, e nos termos atuais seriam um grupo de historiadores interessados basicamente em pesquisa psíquica. A bruxaria, as assombrações, os vampiros, as pessoas com alguma capacidade psíquica notável. Tudo isso os interessa, e eles mantém um arquivo com informações a esse respeito.
E sobre isso, cheguei a conclusão de que seria muito legal mesmo trabalhar para O Talamasca. Seria mesmo.


A história tem incestos (muitos incestos, e de tipos variados), e se a pessoa que ler for muito moralista e se chocar facilmente, bem... vai ficar chocada. Eu adorei. Acho que todos os pares incestuosos combinavam bastante. Não, eu não sou uma pessoa pervertida.

Outro olhar que temos da história é pelo personagem Michael, que é inserido na história logo no começo ( e eu meio que esqueci de mencionar acima), e grande parte do livro é pelo seus olhos, até a a segunda parte, onde ele começa a ler os arquivos da Talamasca, e ai se desenrola a grande parte legal. Não é que o Michael seja chato. Ele não é. Só achei que ele ficou tempo demais em cena.
Michael sofreu uma experiência de quase morte e é salvo pela Dra. Rowan Mayfair. Então, as coisas mudam para ele, que acorda dessa experiência com um poder de tocar objetos com as mãos e poder sentir e ver fatos ou imagens relacionadas ao objeto, e o mais importante de tudo, Michael tem uma missão, que lhe foi dada no lugar onde esteve, por seres que ele acredita serem divinos, porém Michael não se lembra do que é exatamente tendo somente a sensação de que seja o que for, será em sua terra natal, Nova Orleans, onde, sim, vivem a família Mayfair.

Lendo o meu texto no momento, acredito que esteja um tanto confuso, mas que seja. O que quero lhes passar é que esse livro é maravilhoso, uma história bem construída, interessante, e obviamente uma das melhores obras de Anne Rice. Eu sei que tem gente que tem preconceito com os livros dela, por ela parecer ser uma velhinha (com cabelo estiloso na minha opinião), mas as coisas que ela escreve ... nossa. É por isso que eu adoro ela. Posso não ser uma fã incondicional, mas admiro o modo como escreve coisas que a sociedade condena (leia-se relacionamentos homossexuais, incestos, e por ai vai). É muito legal. E repito, não, eu não sou uma pervertida.
E além disso, é óbvio que Anne Rice é uma excelente escritora.

PERSONAGEM(S) FAVORITO(S) :
Ah, sem sombra de dúvida o Julien. Ele é o único homem na família Mayfair que parece ter tido os poderes das bruxas, e ele é engraçado, sabe viver a vida, bissexual, incestuoso (com a irmã e a sobrinha - ou filha :O)
Adoro o Julien.

CITAÇÃO:

" Dê-me um homem ou uma mulher que tenha lido mil livros e estará me proporcionando uma companhia interessante. Dê-me um homem ou mulher que lido talvez três, e estará me dando no fundo um perigoso inimigo."

Sobre a alienação de pessoas que liam um ou dois livros sobre bruxaria e demônios e saiam a pregar a morte de mulheres inocentes, cegos por sua ignorância.
Mas também pode ser empregado a muitos outros tipos de alienados por um único livro, pense nisso.

" - Quando examino o futuro - alega-se ter Mary Beth dito, - tudo o que vejo é como a maioria das pessoas é fraca e como se esforça pouco para lutar contra o destino ou a má sorte. Cada um pode lutar, sabia? Pode mesmo."

2 comentários:

  1. Resenha maravilhosa, deu até vontade de ler Anne Rice, rs... eu tenho os livros, vou tentar ler ;)

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  2. Que legal que tenha gostado, leia sim! É muito bom, eu até já estou com a sequência para saber o resto da história das bruxas Mayfair...

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